OXALÁ


Oi Minha Rainha, oi meu amor!
Anseio exasperado a melodia
Que tu cantas suave, ó minha flor!
Seduzindo os colibris à harmonia
Consumida de poesia: essa voz
Assim tão doce, assim tão atroz,
Que tu guardas em tua dimensão
Dos meus prazeres divinos, à tua
Majestosa e concreta visão,
Nessa boca que prazer insinua.
Vê o prado dos campos de Viana!
Sou eu o Português enamorado,
És tu a aliciante índia Ana
Que me embevece ainda despertado;
O cais é nosso, nossos são os desejos,
Vem e extasia-me com os teus beijos,
Concretizei-me em ânsia em teus braços,
Sou a carência que inevitável
Busca esquecer-se nos teus abraços,
No mel dos teus beijos que é inefável.

O meu amor é o mundo que Romeu
Quando lúcido a Julieta propôs,
É a pureza que há no olhar teu,
É a canção que o cantor compôs,
Portanto em extrema fidelidade,
No arroubo mor da felicidade.
Nós somos amantes do sentimento
Que nos consome a vida inteira,
Viverei cativo cada momento
Até a minha hora derradeira.
É lindo o verde claro da alfombra
Quando virgem ousamos caminhar
E cansados sentamos a uma sombra
E não notamos a vida passar;
Por isso o instante quero viver,
Ardentemente morrer! Renascer!
Em esses teus braços aconchegantes
Antes que tu te partas ao destino
Que te espera, já não somos gigantes,
És minha menina e eu teu menino.

“Sob tua língua mel e leite há;
Desvia tu de mim os olhos teus,
Eles me dominam”, e não haverá
Na esfera semelhantes; nosso Deus –
Que vela por nós em um amor terno,
Oxalá que nosso amor seja eterno! –
Reservou-te única e perfeita,
Tu és a cura da minha ferida,
És a vida que para mim foi feita,
E foste feita para a minha vida.

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