QUANDO EU FUI AO PÔR DO SOL (Uma crônica do meu 31 de dezembro de 2019)

 

#ParaTodosVerem: [início da descrição da imagem]: ambiente interno do Bar Pôr do Sol, à frente mesas e cadeiras de madeira e ao fundo um balcão de bebidas de cerâmica, com bancos altos de metal e acentos espumados redondos. O ambiente está bem iluminado e é noite [fim da descrição].

Era Réveillon de 2019; o meu corpo não estava mais cansado do que o que afligia o meu coração. Saí de casa, queria estar por um instante sem ninguém. Recebi um convite, mas não deixei mais do que um abraço de gratidão.

Depois, corri com meus conflitos até o Parque Dilú Mello. Ao avistar o Bar Canto do Pôr do Sol, eu me recordei das vezes em que me senti à vontade ali: Dona Graça era uma graça de anfitriã. Sempre eu me sentava ao balcão do barzinho, era o meu canto preferido, sendo atendido pelo sorriso contagiante de Gracinha - a Dona Graça. Até queria tomar um vinho, mas, no momento, havia apenas a fermentação da cevada gelada.

O que eu não sabia era que ali acontecia uma confraternização entre amigos; conheci alguns, acenaram-me, retribuí. Então, pensei em sair, mas a anfitriã disse que eu era bem-vindo; o balcão estava disponível (o meu canto). Assentei-me e bebi algo rapidamente, contudo, antes de eu sair, insistiram que eu deveria comer da ceia fraternal e, mesmo tímido, não pude recusar: comi e agradeci por aquele gesto afetuoso.

#ParaTodosVerem: [início da descrição da imagem]: frente do Bar Pôr do Sol, fachada em cerâmica brancas em cima e com uma barra em cerâmicas amareladas e amarronzadas. Duas janelas e uma porta entre elas, todas de metal pintadas de marrom [fim da descrição].

Eu tenho dificuldades em me recordar de alguns momentos, mas aquela lembrança até hoje me parece muito translúcida; isso porque aquele 31 de dezembro estava sendo uma data em que o existencialismo me afogava como se eu estivesse em um mar agitado. Talvez esse momento tenha sido um dos únicos que trouxe um pouco de conforto ao meu coração, assim como aquele abraço no início da noite.

Eu não tinha mais nada a fazer ali e, novamente, mergulhei em uma bolha de incertezas e fuga. Fui para um banco e sentei-me, na praça do cais. Houve a virada do ano novo, “a despedida” do ano velho: a ordem da convenção social que diz que o mal que se passou deve ser deixado para trás. No entanto, meu coração teimoso insistia em recordar de tudo.

#ParaTodosVerem: [início da descrição da imagem]: noite com a lua escondida entre as palmeiras, a mureta e os bancos do antigo Parque Dilú Melo (cais de Viana/MA). Aparece também a passarela feita de cimento cortando os canteiros de gramas e plantas [fim da descrição].

Aquela madrugada era minha amiga e única companhia e já tinha cinco horas de vida quando começou a chuviscar e eu ali, relutando em entender muitos porquês, sem querer ir embora. Ao abrir as minhas redes sociais e ver tantas pessoas “felizes”, com tantas promessas e metas para um ano novo, as lembranças mais adormecidas da família e amigos remoeram-se no instante em que o chuvisco ficou mais forte e esconderam todas as minhas lágrimas.

Fui obrigado a deixar o lugar que sempre me deixava com um pouco de paz e, por vezes, inspirou-me alguns textos. Porém, eu levantei dali certo de que eu venci mais um dia, mais um ano e que teria mais um dia, mais uma chance para vencer os meus medos e buscar em mim mesmo a certeza de que o amor era intrínseco do meu querer em ser feliz; era meu! Eu poderia compartilhá-lo ou não! Que ainda sozinho, eu tinha a mim: a pessoa mais importante da minha vida!



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6 Comentários

  1. Parabéns, confrade! Que suas crônicas possam aliviar corações. Essa me parece uma crônica importante para alerta o autocuidado e autoamor. Para que a vida flua bem, é preciso transbordar dores para se recomeçar consigo mesmo.

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    1. Obrigado confreira! Justamente! Este é o ponto! Feliz por seu comentário e leitura. Saudações literárias!

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  2. Perdido em suas lembranças, procurando um ponto de apoio e só encontrava a se mesmo, mas que no momento, não era suficiente para amenizar vossos anseios e brotar novas esperanças!

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    1. Obrigado, por seu comentário e reflexão! Gratidão pela leitura!

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