Só o amor
Mais vive o amor, o homem some
Na fragilidade em que se cria.
Não mais capaz que o amor, o homem,
Se dele é cativo todavia!
O amor se conhece, se tem nome;
Se forte ou frágil, à revelia,
A si e só a si, dependeria
Dá vida a própria vida que carcome.
Só o amor faz viver o que consome
Que do topo à lama arrastaria;
De quem se sacia e se tem fome!
Nada mais capaz que o amor seria
Que a natureza humana mudaria
Pois, só o amor, muda o homem.
Sim, o amor não! Não, o amor sim!
Sim, o amor não, no amor há morte
Seu fino trato conduz ao luto
Ainda que doce, amargo fruto,
Mil vezes paixão que amor, amor é sorte.
Não,o amor sim, no amor há vida
Pois ante a morte que suspira,
Maior o amor que a paixão e a lira,
Que há mais vida, no amor contida.
Sim, o amor não, no amor o efêmero
Em grau, número e gênero
Por menos que seja, mais alto o preço.
Não, o amor sim, onde todos os fins são começos
De um infinito, primavera em cor,
Mil vezes morrer que viver, sem amor.
Autor: Carlos Denilson Tomé Cunha
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